O Observatório da Juventude dos Açores organizou nos dias 2, 3 e 4 de outubro de 2018 o V Colóquio Internacional subordinado ao tema Os Jovens e Movimentos Globais, no Anfiteatro VII da Universidade dos Açores.
O evento teve como objetivo refletir sobre a participação cívica e intervenção política dos jovens numa esfera pública transnacional a partir de três painéis subordinados aos temas:
I. Movimentos Sociais e Cidadania
II. Associativismo e Igualdade
III. Ativismo e Sustentabilidade
Perante a crescente incerteza social e o fundamentalismo dos mercados que atomiza as pessoas e enfraquece o sentido da responsabilidade para com os outros; o brusco agravamento das alterações climáticas e o perigo dos riscos manufacturados (Giddens & Beck, 2000); as lutas geopolíticas e aumento acentuado de migrações do Sul para o Norte; o ressurgimento da retórica de extrema-direita e dos nacionalismos desencadeados por uma cultura do medo – encontramos, todavia, um discurso de ruptura e novas forças de ação cívica que florescem num quadro de resistência alternativo, agora à escala mundial. Estes movimentos globais são essencialmente produto da desterritorialização (Bell et al., 1999), da nova sociedade em rede (Castells, 1997) e de um projeto comum de atores plurais que definem as suas causas como globais e organizam campanhas de protesto que atingem mais de uma nação e/ ou organizações governamentais e não-governamentais internacionais. Os sujeitos colectivos dos movimentos globais (McDonald, 2006 & Wieviorka, 2008), em oposição aos protagonistas dos movimentos sociais de meados dos anos 60 e 70, deixam de ter um Estado-nação como referência. Deste modo, há que reconhecer que a morfologia das novas lutas sociais, embora arquitectada por uma nebulosa massa de atores globais (Wieviorka, 2008), tem vindo a contribuir para uma ação diferente de resistência conjunta não institucional e a reforçar a criação de uma nova Öffentlichkeit (esfera pública) transnacional (Beck, 1986).